Pensei em Chomsky

Pensei em Chomsky, Sérgio Buarque de Hollanda ,Nietzsche e tantos outros  ao assistir o histórico Jornal Nacional Global no avassalador 16 de Março de 2016. Ódio incitado, caos instaurado, hipocrisia aferida e um monte de bosta jogada aos sabor do vento tal como o semeador português que redefiniu o território conhecido hoje por Brasil. E se os “Ladrilhadores” espanhóis com toda a sua expertise em desenvolver territórios como extensão de seus domínios agrilhoassem-nos, seríamos uma nação tão diferente assim? E quem se importa com isso? Vamos olhar para o passado para não cometer os mesmos erros no futuro mas sem aquela “nostalgia do que poderíamos ser”, pois não nos levará a lugar algum.

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Vivemos uma “loucura insensata” e de proporções Homéricas com o “mais legal disso tudo” representado pela oportunidade de recomeçar do zero e realmente lutar por uma causa que valha: Reforma Política Profunda com a Educação como principal vetor de mudança de nossa sociedade. Não há outra saída para nosso país: A Educação é o alicerce balizador das nossas relações. Muito me entristece observar diariamente humanos encaixotados pelo pelo fardo que é viver atualmente. Seria menos casca se nos esbarrássemos nas ruas com mais afeto, civilidade e atenção ao outro. Não pode ser considerado normal olharmos para a quantidade de pessoas sem rumo nem prumo a cada esquina, independente de classe social, direcionando o ódio a irmãos pelo simples fato de pensar (ou não) de forma diferente e achar que nada podemos fazer para mudar o cenário. Parto do princípio que a cultura é uma lente entre o mundo e nossas retinas e, um país multicultural como o nosso há a impossibilidade da homogeneidade. Mesmo assim, com diferenças culturais e uma sorte de mitos fundadores, nos assemelhamos todos em um aspecto que é o que mais temos de rico em nossa cultura: a língua portuguesa.

Em português claro, revelo minha lente cultural para deixar o leitor mais confortável em refutar o que penso nas vezes que discordar dos meus posicionamentos : Tenho 33 anos, filhos de 4 e 13 anos. Sou Tijucano, branco, de classe média e sempre tive acesso à educação privada. Desde garoto convivo com o meio político e entendo a política como indissociável do ser humano. Sou de humanas com força: Estudei Comunicação, Design digital e Ciências Sociais. Não sei fazer miçangas. Estudei em colégio católico, fui umbandista e Kardecista. Desconstruí meu pensamento religioso e o ateísmo me faz parte. Pagava 50 centavos pra pegar um ônibus para ir a praia quando tinha 14 anos. e ia pra todos os cantos.Pronto. Já da pra ter alguma noção da lente que uso e que questões optaria fazer em minha mente e que juízo de valor faria ao escrever.

Aprendi com Max Weber “[…] que a validade do conhecimento obtido se mede pelo confronto com o real e não com quaisquer valores ou visões de mundo.” (COHN, 1997, p. 22). Mas isto não é tudo. Existe sim uma validade dos valores, quando estes […] orientam a escolha do objeto, a direção da investigação empírica, aquilo que é importante e acessório, o aparelho conceitual utilizado e a problemática de pesquisa e questões que se colocam ou não à realidade. […] Contudo, se os valores orientam a eleição das questões, Weber postula a necessidade da neutralidade axiológica quando do encaminhamento das respostas: elas devem ser neutras, já que a pesquisa deve caminhar por regras objetivas e universais. Os pressupostos da pesquisa são subjetivos, mas os resultados devem ser válidos e objetivamente aceitáveis (BEHRING; BOSCHETTI, 2006, p. 34). Assim, segundo Weber, os valores do pesquisador (o que é subjetivo) devem orientar o início da pesquisa, suas escolhas e a direção que irá tomar. Mas no processo de análise e resposta da pesquisa, a neutralidade deve prevalecer para dar respostas objetivas à realidade. Farei juízo de valor. Não serei neutro. Mas jamais em cima do muro.

Para Weber o juízo de valor é o ponto de partida da ação. Existem juízos de valor diferentes, determinados pela razão ou pela emoção e, cada individuo, tem sua particularidade e é necessário saber respeitar as particularidades de cada um. Pois o que é certo pra mim para o outro pode ser errado e vice-versa, cada um tem uma maneira de enxergar o mundo, cada um tem o seu juízo de valor.

Desfraldo minha “visão de mundo ” daqui em diante e sem caráter científico no preparo de premissas…. apenas observações que gostaria de dividir com você.

Apesar de estar completamente descrente em uma reviravolta positiva onde o “Übermensch” de 9 Dedos e todo o seu “poder de governabilidade” irá arrumar a casa , cansado do corporativismo do Governo Federal e achar o absurdo dos absurdos a nomeação de um VIrtual-Reu como ministro, observo a grande mídia agindo como um flanelinha a cooptar o cidadão a estacionar em vaga proibida.  9 Dedos será o rei da cooptação no Planalto Central se não for preso ou deposto de seu cargo. Mártir, Herói ou presidente novamente, na ideologia Novededosísta, em minhas palavras, leia-se  Absurdo, Utopia e realidade. Disse o molusco : Se for preso, viro Herói… se me matarem, Mártir… se ficar “diboas” aqui, Presidente de novo.

Sim. Os petistas estão suando… estão suando muito os petistas.  Mas será o PT a raiz de todos os nossos problemas políticos? Não. Apenas fazem parte do sistema de corrupção endêmica da classe política de nosso país. O grande problema deste partido é que deixou de ser partido há tempos e virou uma corporação que briga por todas as fatias de mercado possível para se manter no poder e usa a população apedeuta como massa de manobra e uma parcela considerável de formadores de opinião letrados para conduzir a minoria com acesso a livros de história e sociologia que simplesmente tentam escolher o lado romantizado do pensamento esquerdista.  É duro olhar pra cartazes espalhados pelo centro do Rio em apoio ao ex-presidente chamando o povo pra “guerra contra os antidemocráticos” ou convidando a galerinha pra Showmício. E a pirotecnia de que tanto reclamou Lula ao se deparar com o circo midiático, quando a favor, é show de bola, companheiro!

Ninguém me contou, eu as vi no centro da cidade do Rio de Janeiro e tirei as fotos:

 

Os fins justificam os meios? O que faria se neste momento, e só neste,  estivesse na pele do Juiz Sérgio Moro? e na do Lula e da Dilma? Bicho, sem hipocrisia, faria o mesmo que ambos. Isso nos faz parte. Proteger a família, amigos, emprego, privilégio, poder e tudo mais que se possa contabilizar, se fôssemos Lula ou Dilma, afinal, amigo, você estaria com o rabo nu colado na parede para que o Kid Bengala não lhe massageasse a próstata ou intestino reto.  Se não entendeu ainda, tente a partir de agora : POLÍTICA É AMIZADE. A cordialidade é o que baliza as nossas relações. Mas não a cordialidade que imagina.

Você sabia que o Juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava a Jato que já prendeu figurões “públicos” e “privados”, inspirou-se em uma operação italiana que devassou maracutaias  de corrupção? O mesmo aconteceu por lá. É incrível a semelhança. A italiana se chamava “Mãos Limpas” e foi executada nos anos  1990, ajudou a desmantelar diversos esquemas envolvendo tanto o pagamento de propina por empresas privadas interessadas em garantir contratos com estatais e órgãos públicos quanto o desvio de recursos para o financiamento de campanhas políticas. Prisões de figurões através de uma espécie de “delações premiadas”fez com que 5 partidos italianos simplesmente fossem extintos, entretanto, não resultou exatamente em  lisura e caráter ilibado para os políticos que ficaram de pé pós operação : Na verdade a operação produziu corruptos mais sofisticados como Berlusconi e Cia.  O que acontecerá aqui, não sabemos. Só torço para que tudo entre nos eixos que precisamos, pois nossa sociedade está em fase terminal de uma doença devastadora de proporções “Galaxiais”: A CORRUPÇÃO ENDÊMICA QUE CONTAMINOU INDIVÍDUOS DE TODAS AS CLASSES, CREDOS E COR EM NOSSO PAÍS.

Links para entender melhor o que aconteceu na Itália:

http://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-operacao-maos-limpas-resultou-em-berlusconi-e-em-outros-casos-de-corrupcao-e-a-lava-jato-por-mauro-donato/

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160316_lavajato_dois_anos_entrevista_lab 

http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2014/11/como-foi-a-mega-operacao-italiana-que-teria-inspirado-a-lava-jato.html

Entender um pouco a mente de Moro:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160317_sergio_moro_ru

Por aqui em Brasólia, para continuarem no poder  ou simplesmente não irem para Papuda, 9dedos, Dilma e cia, utilizam manobras escrotas e conchavos escusos na surdina. Compraram votos. Desviaram verbas públicas. Obviamente não é exclusividade da dupla e do PT, mas venderam-se para os empreiteiros e empresários de toda a sorte. Mamaram nas tetas de nossa pátria mãe gentil. Lula nada tem de acamado senil e insosso. É sim Raposa felpuda e calejada com muita habilidade cordial de manipular massas de analfabetos funcionais e fazer brilharem as retinas dos socialistas de Iphone deste país. Dilma não tem pulso, não tem carisma nem a governabilidade de seu antecessor. Parece-me mais marionete de interesses  alheios ao bem estar da nação do que todos os outros presidentes que me foram contemporâneos em idade já racional. Agora, amigo.. esse é o meu sentimento. Meus achismos. E não vai ser por isso que engolirei o que a Mídia tem feito, principalmente a Rede Globo. Querem derrubar um governo. Estão fazendo força pra isso. E nem é preciso muito. Esse governo Dilma põe-se a atirar em seus próprios pés a todo instante e já há indícios de improbidade administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, apropriação indébita, falta de decoro e um leque enorme de falta de ética, comprometimento com a causa pública e a busca do poder pelo poder.

Nas manifestações dos “Vincentarru” , dos professores e etc, ouvia-se falar em Black Blocks, arruaceiros, vagabundos e o escambau.  Logo no início tentaram desqualificar as ações do povo para mais tarde perceberem que naquela ocasião não iriam conseguir calar ou deturpar as palavras do povo. Claro, A copa do mundo batia na porta e os interesses econômicos são mais interessantes que um povo esclarecido que luta por seus direitos. Logo ela, que apoiou a ditadura em 1964 também fez de tudo para derrubar Collor. Alguém aí defende o Fernandinho? e o outro Fernando, o que a Globo reportava sobre o governo FHC? Críticas eram feitas, crise noticiada, FHC com a bunda na parede como todo presidente diante de uma crise mas, na minha ótica de garoto que era em meados de 94/2002, não me lembro da globo comprar o barulho do povo contra as privatizações por preço de banana. Lembro do Itamar apenas por causa do Fusca, sua namorada boazuda, pão de queijo e o plano Real “desenvolvido” pelo FHC, que fazia parte de seu governo. Sabia pouco, não acham? Então Pergunte a molecada de hoje que tem entre  12/16 anos como sentem o clima político no país e a maioria só vai saber reproduzir o discurso ralo de ambos os lados, saberão dizer alguma coisa sobre os áudios vazados e que o Lula foi “preso” mas ta aí na atividade de novo. Condução Coercitiva? Nem sabem que porra é essa.

 

Apertaram o Start com força durante as eleições de 2014, dividindo o país em Apocalípticos e Integrados… Coxinhas e Petralhas …. Fascistas e Comunistas… Rubro-Negros e Tricolores. Brancos e Negros. Verde e Amarelo Versus Vermelho. Tucano x Estrela. Insensatez popular aferida em cada mesa de bar… em cada esquina… Poucos conseguem discutir o atual cenário Político e Social do meu amado Brasil, Rio de Janeiro, Tijuca e arredores.

O papo é muito acima de uma simples dicotomia de pensamentos, ideologias e não tenho certeza se o “deboísmo” irá prevalecer em meio ao caos e o ódio plantado nos corações de discursos tão antagônicos. Não sei se “ser de boas” irá resolver o problema da nação, pois simplesmente há a impossibilidade de ser “diboas” com tudo, assim como ser apolítico. Ser apolítico é estar do lado do satus-quo e não revolucionário, amigão… Política é muito mais do que apertar o verde e confirmar. Vou explorar melhor o assunto “Política” ainda neste texto, tomando emprestadas as palavras de Norberto Bobbio e João Ubaldo Ribeiro. Vale a leitura.

Agora vamos voltar aos fatos de 16 de Março e a “Chomskyzada” que a globo desferiu: Uma tentativa de Ippon no Governo Federal.

Chomsky previa 10 estratégias de Manipulação Mediática, que pode ser lido aqui.

Uma delas me deixou incerto e não pude aferir com imparcialidade, já que estou no time dos que fomentam o “antipetismo” : A estratégia do diferimento : Principalmente na parte “….uma decisão impopular é a de apresentá-la como dolorosa e desnecessária, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura….”

Grampos serão usados em uma aplicação futura nos autos dos processos contra o Molusco mais contraditório da história do Brasil? A condução coercitiva que o Juiz Sérgio Moro determinou e virou circo midiático seria a decisão impopular ? E o ridículo audiolivro produzido pelo JN Global, onde seus apresentadores leram para um povo infantil as historinhas de ninar que incitaram sentimentos arraigados em boa parte das almas brasileiras cansadas de tanto caos?  Impopular? sim… e sem o povo antipetismo, no qual me incluo, absorver como tal…. bicho… divulgar os grampos da forma que foram divulgados foi um golpe baixo remediando um golpe sujo : Ah é, 9 dedos… vai assumir um ministério… vai fugir do Moro que derruba sua morada? Então Tooooooooma !

Sinto o cheiro de golpe midiático no ar…. nem era preciso tanto esforço… já que confirmando as evidências, amigo… vai cair “geral”… ou teremos que engolir uma pizza fria de anchovas com pelos pubianos de um pizzaiolo que coçou o saco, foi dar uma mijada e não lavou a mão.

(Esse texto foi escrito em Março de 2016 – Deixa mais água rolar, Temer tomar, Aécio evaporar e Joesley cantar mais um pouco – 19/05/2017 )

Acredito que o povo acordou, mas deixou o alarme do celular no modo soneca. Só mais 5 minutinhos, vai! …. Vai nessa… 5 minutos próximo ao buraco negro de uma galáxia distante pode se tornar décadas por aqui. O tempo é relativo e moldado pela gravidade, meus caros, porém, mesmo ainda se espreguiçando na cama, muitos não estão dando ouvidos para ratazanas oportunistas que se fantasiam de oposição para abocanhar o poder na marra. Resta saber se a ferocidade com que a globo partiu pra cima do 9dedos e da Presidanta, será mantida no rastro de bosta que Cunha, Renan, Aécio e seus amiguinhos deixaram país a dentro. Meu medo é que se abra mais espaço para o discurso Ultra Nacionalista de extrema direita, que ao abraçar a bancada evangélica e toda a sorte de “desprivilegiados” políticos da atualidade se unam em uma corrente só em busca do poder pelo poder. Já fazem barulho e parte da população abraça  e deseja até a ideia da volta da ditadura. Mais inimaginável e absurdo que isso só a volta da família real, retirando dos mortos o Império e seu séquito  de bebedores de  Perrier e Richebourg Grand Cru de 1985.

George Orwell em seu livro “1984” é tão contemporâneo à nossa sociedade quanto Umberto Eco com “Apocalípticos e Integrados”. Segundo Umberto Eco, Apocalípticos (são aqueles que condenam os meios de comunicação de massa).  Integrados (aqueles que os absolvem). Entre os motivos para condenar os Meios de Comunicação de Massa, segundo os “apocalípticos”, estariam: a veiculação que eles realizam de uma cultura homogênea (que desconsidera diferenças culturais e padroniza o público); o seu desestímulo à sensibilidade; o estímulo publicitário (criando, junto ao público, novas necessidades de consumo); a sua definição como simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e conformista. Nesse sentido, os Meios de Comunicação de Massa seriam usados para fins de controle e manutenção da sociedade capitalista.  No entanto, entre os motivos para absolver os Meios de Comunicação de Massa, apontados pelos “integrados” estariam: serem os Meios de Comunicação de Massa a única fonte de informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das informações; as informações veiculadas por eles poderem contribuir para a própria formação intelectual do público; a padronização de gosto gerada por eles funcionar como um elemento unificador das sensibilidades dos diferentes grupos. Nesse sentido, os Meios de Comunicação de Massa não seriam característicos apenas da sociedade capitalista, mas de toda sociedade democrática. Eco ainda não previa o boom da internet e a relação comunicacional todos x todos da forma como é realizada hoje.

Alguém tem dúvida de que os Meios de Comunicação de Massa são por gigante parcela da população encarados como Pais da Verdade e simples lazer e entretenimento, desestimulando o público a pensar, tornando-o passivo e conformista ? Ou que os Meios de Comunicação de Massa seriam usados para fins de controle e manutenção da sociedade capitalista?

Como podem perceber, ainda está incompleto este emaranhado de ideias. Trabalhei apenas 5 horas neste texto e é ridiculamente pouco pra quantidade massiva de conteúdo que devo levar em conta para conseguir mostrar ao leitor tudo o que se passa na minha confusa mente.  Aqui teremos um belo link entre Umberto Eco e Zygmunt Bauman, dois pensadores que admiro demasiadamente.

Viver Com Estrangeiros :
Por Zygmunt Bauman

BAUMAN, Zygmunt. 2009. Confiança e medo na cidade.

“… Pois bem, senhoras e senhores, olhem bem ao redor – olhem à direita, à esquerda, para trás e para a frente -, e verão outros indivíduos, sentados como os senhores e as senhoras. Desafio-os a encontrar alguém que seja exatamente igual a cada um de vocês. Somos feitos apenas de diferenças, todos nós; existem milhares de homens e mulheres no planeta, mas cada um deles é diverso dos outros. Não existem indivíduos totalmente idênticos, isso é impossível. Existimos porque somos diferentes, porque consistimos em diferenças. No entanto, algumas delas nos incomodam e nos impedem de interagir, de atuar amistosamente, de sentir interesse pelos outros, preocupação com os outros, vontade de ajudar os outros. E, não importam quais sejam essas diferenças, o que as determina é a natureza das fronteiras que traçamos. Cada fronteira cria suas diferenças, que são fundamentadas e relevantes.

Por isso, se queremos compreender as nossas diferenças e as dificuldades que criam, é preciso formular novas questões. Antes de tudo, por que essa obsessão em demarcar fronteiras? A resposta é que, hoje, essa obsessão deriva do desejo, consciente ou não, de recortar para nós mesmos um lugarzinho suficientemente confortável, acolhedor, seguro, num mundo que se mostra selvagem, imprevisível, ameaçador; de resistir à corrente, buscando proteção contra forças externas que parecem invencíveis e que não podemos controlar, nem deter, e menos ainda impedir que cheguem perto de nossas casas, de nossas ruas. Seja qual for a natureza dessas forças, todos as conhecemos pelo nome – esclarecedor, mas desviante – de globalização, ou (como preferia um amigo meu, Alberto Melucci) “planetarização”.”
…. A construção de uma ordem leva sempre à liquidação dos supérfluos, pois – se querem que as coisas estejam em ordem, se querem substituir a situação atual por uma ordem nova, melhor e mais racional – vocês acabarão por descobrir que certas pessoas não podem fazer parte dela, e, portanto, é preciso excluí-Ias, cortá-las fora.”….

…. Se os seres humanos aceitam e apreciam outros seres humanos e se empenham no diálogo, logo veremos que as diferenças culturais deixarão de ser um “casus belli”. É possível ser diferente e viver junto. Pode-se aprender a arte de viver com a diferença, respeitando-a, salvaguardando a diversidade de um e aceitando a diversidade do outro. É possível fazer isso cotidianamente, de modo imperceptível, na cidade. Notei que várias áreas – nas cidades inglesas dilaceradas pela guerrilha urbana – foram se transformando, pouco a pouco, em bairros normais, comuns. É quase impossível ver caminhando nas ruas pessoas que não sejam diversas na cor da pele, mas isso não as impede de conversar amigavelmente e passar algum tempo juntas….

….Podemos, portanto, aprender essa arte na cidade e desenvolver certas capacidades que serão úteis não apenas no plano local, no espaço físico, mas também no plano global. E talvez, em conseqüência disso, estejamos mais preparados para enfrentar a enorme tarefa que temos diante de nós, gostemos ou não, e que há de marcar nossa vida inteira: a tarefa de tornar humana a comunidade dos homens….

… Gostaria de terminar observando que os velhos tendem a recordar. Por isso – sendo eu um homem velho – também posso fazê-Io. Quando eu era studante, tive um professor de antropologia que dizia (recordo perfeitamente) que os antropólogos conseguiram identificar a aurora da sociedade humana graças à descoberta de um esqueleto fóssil, o esqueleto de uma criatura humanóide inválida, que tinha uma perna quebrada….

…Quebrara-a quando era ainda menino, e, no entanto, ele só tinha morrido aos 30 anos. A conclusão do antropólogo era simples: aquela devia ser uma sociedade humana, pois algo assim não aconteceria num bando de animais, em que uma perna quebrada poria um ponto final à vida, pois a criatura não teria mais condições de se sustentar. A sociedade humana é diferente do bando de animais. Nela, alguém poderia ajudar um inválido a sobreviver. Ela é diversa porque tem condições de conviver com inválidos – tanto que poderíamos dizer, historicamente, que a sociedade humana nasceu com a compaixão e com o cuidado do outro, qualidades apenas humanas….

A preocupação contemporânea está toda aí: levar essa compaixão e essa solicitude para a esfera planetária.

…. Sei que gerações precedentes já enfrentaram essa tarefa, mas vocês terão de prosseguir nesse caminho, gostem ou não, a começar por sua casa, por sua cidade – e já. Não consigo pensar em nada mais importante que isso. É por aí que devemos começar…..


Agora… o problema é exclusivo da classe política ou nos falta caráter enquanto seres humanos que compartilham o mesmo território e planeta? O Governo reflete a sociedade que conduz: somos corruptos diariamente… nós, brasileiros cordiais, SergioBuarcamente falando .

A Cordialidade conceitual de Sérgio Buarque de Hollanda não tem correlação com amenidades e gentileza. Cordialidade deriva de “Cordis”, termo em latim que é “pai” de “Coração”, etimologicamente falando.  Quanto mais próximo do “Coração” mais favorecido será.

O Homem Cordial sugerido por Sérgio tem mais correlação com o famoso “jeitinho brasileiro” de Roberto Da Mata, pois se trata mais do “meu umbigo e dos meus amigos e família primeiro”. É arrumar um jeito de se safar da polícia, do imposto, da fila. É comprar atestado médico pra faltar o trabalho, fechar cruzamentos com o carro, não levantar do assento preferencial para idosos e favorecer ou não prejudicar a si próprio e seus entes sem pestanejar agindo diferente com desconhecidos ou inimizades.

“Em sociedade de origens tão nitidamente personalistas como a nossa, é compreensível que os simples vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os seus componentes, tendo em vista um fim exterior a eles, foram sempre os mais decisivos. De onde, com certeza, a vitalidade, entre nós, de certas forças afetivas e tumultuosas, em prejuízo das qualidades de disciplina e método, que parecem melhor convir a um povo em vias de se organizar politicamente.” (Sérgio Buarque de Hollanda)

Pense um mundo com acesso a informação bruta como a “In loco” e educação que não reprima o pensamento crítico para que não produza “copistas” de conhecimento midiatizado , moldado , adulterado e líquido tal qual os conceitos de Bauman. Reflita sobre um povo que vença o apeudetismo e que não precise brigar por Petísmos ou Psdbeísmos ou qualquer sigla que seja, onde  o fomento a atividade política, com todo o seu poder negociador de interesses e objetivos seja o viés e não a simples procura de poder pelo poder pseudo absolutista. Pronto. Agora a briga ficou boa :  a busca pelo poder através da igualdade : O que vale pra um, vale pra todos.  A política e o poder são quase que indissociáveis, mas o diálogo entre mentes opositoras é a chave para a construção de uma sociedade mais equilibrada . O problema é outra palavra que acompanha o termo política : CORRUPÇÃO . Ou a mais conectada : ELEIÇÃO .

Estas 2 palavras arregaçam a mente do brasileiro, pois “ligam” política á sujeira , ao ponto de a maioria dizer : “Não ligo pra política” .

É exatamente um desserviço , sua mula apolítica, se é que pode realmente existir um apolítico. Apocalíptico sim, integrado também, mas apolítico é quase impossível ser .

O pensamento não pode ser politicamente correto, pois política não é medir o que é certo ou errado, e sim encontrar soluções para problemas comuns , problemas públicos , principalmente sem a cordialidade “Sérgio Buarquesca”,sem o jeitinho tão bem definido por Da Matta , para não Interferir no livre arbítrio no âmbito particular pois isso fica a critério de cada ser . Huuuummm… Pensamento anárquico encontrado aqui ? Não. Apenas uma observação que a laicidade deve ser regra e que não papel da política medir valores morais nem gerir o que o indivíduo faz com o próprio corpo. Simples assim.

Agora vou pegar emprestado as palavras de João Ubaldo Ribeiro e Norberto Bobbio para apresentar, lembrar ou despedir de suas córneas a Política e trazer algum conteúdo extra para exemplificar na prática e de levinho dar uma leve mapeada nas crises econômicas que enfrentamos ao longo dos tempos e levar você, meu caro leitor, a avaliar uma Economia baseada em recursos. Vamos por partes.

Para Norberto Bobbio em seu “Dicionário de Política” , no significado clássico e moderno, política tem sua origem na palavra grega “POLIS”, que refere-se ao urbano, o que é civil e social, o que é público, ou seja, relaciona-se com a cidade e a tudo o que lhe diz respeito .

O Termo foi bastante difundido por Aristóteles em seu livro“Política”, que é considerado o primeiro “tratado” sobre “estado”, que desembrulha e apresenta como se dá o funcionamento da “POLIS GREGA” (ou do estado) . Esse tratado estabelece por consenso que “Política” seja reconstruída como a nomenclatura de todas as reflexões e significados de tudo aquilo que venha gerar questionamentos ou esclarecer qualquer pauta em função do Governo, ou seja, do Estado propriamente dito (Mesmo que seja o questionamento do funcionamento do Estado).

Passado o tempo, o termo ganhou “Ares Fresconildos” como : “Ciência do Estado”; “Doutrina Política” , passando estes termos a significarem a indicação de atividades, que de alguma forma tivessem referência na “Polis” ou no estado , transformando o Estado , figura abstrata e subjetiva , em sujeito concreto e objetivo .

“Agora ao estado é dada a condição de atuar nas condições de sujeito da situação política . Ele legisla, pune, outorga, sanciona, congrega, valida e invalida atos com o preceito de direcionar um manancial relevante da população ; Com sua instrumentação normativa, cabe a este sujeito (Estado), que deve gerar ordenamento adequado, se possível de validade “Erga Omnes” : Valer para todos !

A polis por vezes é o sujeito quando referimos á esfera da política, atos como o ordenar ou proibir alguma coisa com efeitos vinculadores para todos os membros de um determinado grupo social, o exercício de um domínio exclusivo sobre um determinado território, o legislar através de normas válidas “Erga Omnes”, o tirar e transferir recursos de um setor para outro .

Outras vezes é o objeto quando são referidas á esfera da política, ações como a conquista, a manutenção, defesa,ampliação e robustecimento ( Ele disse robustez, e não “roubadez” – tá, depende do ponto de vista) , como a derrubada e destruição do Poder Estatal.

Bobbio educa : O poder é definido como uma relação entre sujeitos, onde um impõe vontade sobre o outro .

João Ubaldo Ribeiro, em “Que coisa é a Política?” Indica que o termo política, no geral, refere-se ao exercício de poder e suas conseqüências . “ Se o Governo decreta um novo imposto, cuja decretação constitui obviamente um ato de poder ( um ato político) É precedida de um conjunto de atos (negociações) e ponderações por partes de governantes,técnicos, assessores, grupos de interesses, indivíduos ou entidades influentes. ”

Um bom exemplo foi a discussão sobre  novas diretrizes de divisão dos royalties do petróleo poucos anos atrás :de forma geral seria um crime para o Rio de Janeiro e outros estados produtores e uma manobra político-eleitoreira particularmente – Basta pensar que dificilmente um político votante desta emenda iria votar “a favor” de um direito que “só” favorece um outro estado que não o dele, e nas eleições que envolve o povo, a chapa poderia esquentar pro lado dele , principalmente devido seus adversários oportunistas e “safadistas” : Fulano de Tal não é a favor de nossa gente, não é a favor de verbas para nosso povo humilde e trabalhador daqui de Quixeromobim do Norte ,logo , não merece seu voto . Só de imaginar que o Estado do Rio de Janeiro deixou de arrecadar em 2015 cerca de 900 milhões de reais devido a queda do preço dos barris de petróleo entumece minha cabeça ao analisar que nem precisou de divisão de royalties para nossas bundas sentirem uma trozoba das grandes. Vamos dar um mini rolé pela história das crises econômicas e observar um cenário comum entre elas.

A crise que passamos hoje não chega perto das crises de 1929, dos anos de 1980 , meados dos anos 1990 e de 2008, mas não deixa de ser grandiosa. A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira. O mesmo foi feito nos EUA quando Roosevelt em 1933 colocou em prática o New Deal. De acordo com o plano econômico, o governo norte-americano passou a controlar os preços e a produção das indústrias e das fazendas. Com isto, o governo conseguiu controlar a inflação e evitar a formação de estoques. Fez parte do plano também o grande investimento em obras públicas (estradas, aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc), conseguindo diminuir significativamente o desemprego. O programa foi tão bem sucedido que no começo da década de 1940 a economia norte-americana já estava funcionando normalmente.

Hmmmmm… Então quer dizer que no sistema atual a escassez é a regra para tudo funcionar “bunitin”? Sim, meu caro Watson. Escassez, Dívidas e Juros. Mas vamos nos ater a escassez e pensar na crise que vivemos hoje devido a loucura do mercado petrolífero.

Segundo o El País”….A queda da Petrobras nas Bolsas não se explica apenas pela desconfiança causada pelo roubo de bilhões de reais descoberto na operação Lava Jato. Outras petroleiras estatais do nosso continente, igualmente fundamentais para a economia de seus países, se ressentem da queda na cotação do petróleo bruto, depois de o produto passar 4 anos relativamente estável, em torno dos 100 dólares por barril. Funcionários e políticos preparam ou já aplicam cortes para se adaptar a uma nova etapa motivada pela revolução do gás de xisto, que permitiu aos Estados Unidos se transformar no maior produtor mundial de hidrocarbonetos e se aproximar do objetivo de independência energética, causando um desabamento das cotações, dada a recusa dos países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em reduzir sua própria produção e aceitar uma perda de fatia no mercado….

(EL PAÍS – Brasíl) Vale o clique no link da matéria do El país de Fevereiro de 2015 

Reduzir a produção… Queimar estoques… escassez… demanda… Lucros.. dividendos… dívidas….  Façam as conexões.

Então quer dizer que mesmo se fôssemos um pais formado por pessoas honestas em todas as esferas também estaríamos na merda?  Siiiiiiiiiim…. De fato só estaríamos ao menos com a cabeça pra fora do poço de merda se nosso sistema econômico não tivesse atrelado ao petróleo. Siiiiiiiim. Se nosso suado dinheiro não fosse extremamente mal adminisrado e confundido como privado por muitos atores políticos. Só não se engane : se não adaptar o sistema que nos regula será a nossa extinção prematura em pouco mais de 100, 150 anos. Talvez 550 anos… mas sabe como é, né… nossa dificuldade enquanto humanos de racionalizar eras a frente do contemporâneo.

Tá vendo? … como disse cerca de 3000 palavras atrás: O papo é muito acima de uma simples dicotomia de pensamentos. Muito acima de Político A Ou B… Partido C ou D. Coxinha ou Petralha.

Pois bem ( ou mal, depende do ponto de vista), voltando ao Ubaldo e a política . Ele aponta em seu texto que “qualquer ato de poder é complexo e cheio de implicações e afirma que política não é só exercício de poder ou a capacidade de influenciar o comportamento das pessoas, mas sim um processo através do qual interesses são transformados em objetivos e os objetivos são conduzidos á formulação e tomada de decisões efetivas . O termo “poder”, continua ter utilidade, mesmo que vago – O que interessa é o processo de formulação e tomada de decisões .

J.U.R afirma que o poder não pode ser simplesmente investido em algum “cargo“, pois com freqüência, ocupantes de um cargo qualquer, se submetem á vontade de outras pessoas, não ocupantes de cargo algum – “Eminências pardas”

( A Wikipédia me lembrou o que são eminências pardas : em política é o nome que se dá quando determinado sujeito não é o governante supremo de tal reino ou país mas é o verdadeiro poderoso, agindo muitas vezes por trás do soberano legítimo, o qual é uma “marionete” dele, e pode muito bem ser deposto pela eminência parda caso este não o agrade. A eminência parda ainda pode se utilizar de qualquer tipo de poder para exercer seu poder, seja ele militar, econômico, religioso e/ou político. )

Esta afirmação é exemplificada na ´prática do Lobby e Pressão feitos por grandes corporações nas instituições públicas, nos 4 cantos do mundo .

O poder só pode ser visto, sentido, avaliado ao exercer-se . É em ação que se analisa o Poder (Político) . É no processo, na Inter-Relação, não na elaboração intelectual abstrata . Este pensamento de Ubaldo me lembra a classificação e tipos de poder existentes no “Dicionário” de Bobbio, onde, malandramente, “manda um bizú” , classificando as formas de “poder”, baseando-se nos meios que se serve o sujeito ativo da relação, para determinar o comportamento do sujeito passivo .

Ele divide o “poder” em 3 tipos masters : O Econômico , O Político e o Ideológico .

O poder econômico , segundo Bobbio é “ o que se vale da posse de certos bens, necessários ou considerados como tais numa situação de escassez, para induzir aqueles que não o possuem a manter um certo comportamento, consistente sobretudo na realização de um tipo de trabalho .

Na posse dos meios de produção reside uma enorme fonte de poder para aqueles que os tem em relação aos que não tem : O poder do chefe de uma empresa deriva da possibilidade que a posse ou disponibilidade dos meios de produção lhe oferece de poder vender a força de trabalho a troco de um salário . Em geral todo aquele que possui abundância de bens é capaz de determinar o comportamento de quem se encontra em condições de penúria, mediante a promessa e concessão de vantagens .”

Viva o capitalismo competitivo . Viva a escassez .

Já o poder político , ainda sob ótica de Bobbio, baseia-se na posse dos instrumentos mediante os quais exerce a força física (Armas de todas espécies de potência) : É o poder coator, no sentido mais estrito da palavra . Esse poder político divide-se em 3 classificações :

– Poder Paterno – Interesses dos filhos ;

– Poder Despótico – O Senhor “Coroné”, Miliciano como o “Batman” e sua “Liga da Justiça” , o chefão do morrão ;

– O poder político “Aristotelesco” propriamente dito – de quem governa e de quem é governado . Bobbio afirma que o Poder político só é valido se não usar drogas, ou seja, se não for um poder viciado, onde o interesse é o poder exercido em benefício dos governantes, única e exclusivamente .

“Política tem a ver com quem manda, porque manda e como manda . Afinal, mandar é decidir, é conseguir apoio ou até submissão, mas também é persuadir ”, Educa Ubaldo (tirando onda com sua sagacidade interpretativa e simplicidade textual) .

Ele continua : “Em toda sociedade, desde que o mundo é mundo, existem estruturas de mando . Alguém, de alguma forma, manda em outrem; normalmente uma minoria mandando na maioria . É o centro da Política . A política fica então vista como estudo e a prática da canalização dos interesses, com a capacidade de conseguir decisões, e requer um talento especial de quem a pratica : Uma sensibilidade e jeito especial, uma vocação, portanto, uma arte . ”

A maioria das pessoas se encontra com a política na eleição, no voto . Ubaldo destaca que o Voto é o menos complicado, tendo em vista que bem antes das eleições já se escolheram dentro dos partidos os candidatos, as coligações , estratégias de campanha, propaganda política, e principalmente “já entrarm no jogo as percepções dos eleitores …”

“A Política não é, pois, uma coisa que envolve discursos, promessas, eleições e, como se diz, muita sujeira . Não é uma coisa distinta de nós. É a condição da nossa própria existência individual, nossa prosperidade ou pobreza, nossa educação, nossa felicidade ou infelicidade. “

“Uma pessoa pode ser apolítica por escolha pessoal, mas deve ter consciência das implicações, pois se trata de uma atitude de passividade que sempre favorece a quem está numa situação de mando dentro da sociedade “

“Determinadas angústias e insatisfações individuais (Por mais estritamente pessoais que pareçam, como na história do casal que briga por causa do cinema) podem ter suas raízes em fatos políticos, e só politicamente serão resolvidos , “

“A política, o jogo do poder – A negociação para se obter uma decisão qualquer – está em toda parte, na conduta humana . Quando um casal , no início de seu relacionamento, vai gradualmente marcando os papéis dentro do lar (eu mando aqui, você manda ali, e assim por diante), estamos diante de um mini processo político .

Se discuto com minha mulher a que cinema vamos, isto não é normalmente classificável como um fato político, embora se trate também do encaminhamento de interesses para obtenção de uma decisão . Não há aí o elemento de interesse público, da coletividade em seu sentido mais lato, da sociedade .

A discussão marido x mulher não é política, mas se nessa discussão o marido acaba sempre impondo sua vontade, e a mulher nunca tem direito a uma opinião, se é forçada até fingir que gosta de ago que detesta, então pode estar refletindo uma situação específica da mulher naquela determinada sociedade. Ou seja, uma situação de inferioridade social de subordinação imposta .

Não se trata mais de um problema pessoal. Trata-se do reflexo pessoal de um problema genérico, um problema que afeta toda sociedade. Apesar de saídas individuais (Como p.ex uma bem sucedida revolta da mulher), a solução individual não alterará a situação geral da mulher, no contexto que estamos descrevendo “

“Se a Mulher em vez de ameaçar o marido, decide reunir outras mulheres na mesma condição que ela, para juntas, utilizando meios de esclarecimento, persuasão e pressão – buscando a modificação do comportamento social, enfim – tentarem reverter a situação, essa mulher estará exercendo uma atividade política . Estará procurando obter a consecução de seus interesses ( corporificados em objetivos) ou seja, o estabelecimento de um relacionamento igualitário ou equânime com o lado masculino da sociedade . Com isso, elas poderão conseguir leis que as protejam, modificar a mentalidade das pessoas e alterar a estrutura de poder em sua sociedade.”

Procurem ler, amigos… procurem conhecimento … Compartilhem o que acreditam que contribuirá com o pensar do outro. Troquem ideias com quem pensa diferente de você de forma adulta desprovidas de acusações, xingamentos e lutas corporais. Quer um exemplo? Aprendi com Leonardo Boff que não podemos ignorar o conhecimento de uma pessoa por ter crenças antagônicas as nossas na prática: sou ateu e ele teólogo fervoroso.

Uma nova era geológica: o antropoceno
“Ou substituímos nossas premissas equivocadas por melhores ou corremos o risco de nos autodestruir. A consciência do risco não é ainda coletiva”
Leonardo Boff *

As crises clássicas citadas anteriormente afetaram profundamente muitas sociedades. A crise atual é mais radical, pois está atacando o nosso modus essendi: as bases da vida e de nossa civilização. Antes, dava-se por descontado que a Terra estava aí, intacta e com recursos inesgotáveis. Agora não podemos mais contar com a Terra sã e abundante em recursos. Ela é finita, degradada e com febre, não suportando mais um projeto infinito de progresso.

A presente crise desnuda a enganosa compreensão dominante da história, da natureza e da Terra. Ela colocava o ser humano fora e acima da natureza com a excepcionalidade de sua missão, a de dominá-la. Perdemos a noção de todos os povos originários de que pertencemos à natureza. Hoje diríamos, somos parte do sistema solar, de nossa galáxia, que, por sua vez, é parte do universo. Todos surgimos ao longo de um imenso processo evolucionário.

Tudo é alimentado pela energia de fundo e pelas quatro interações que sempre atuam juntas: a gravitacional, a eletromagnética e a nuclear – fraca e forte. A vida e a consciência são emergências desse processo. Nós humanos, representamos a parte consciente e inteligente da Via-Láctea e da própria Terra, com a missão não de dominá-la, mas de cuidar dela para manter as condições ecológicas que nos permitem levar avante nossa vida e a civilização.

Ora, essas condições estão sendo minadas pelo atual processo produtivista e consumista. Já não se trata de salvar nosso bem estar, mas a vida humana e a civilização. Se não moderarmos nossa voracidade e não entrarmos em sinergia com a natureza dificilmente sairemos da atual situação. Ou substituímos essas premissas equivocadas por melhores ou corremos o risco de nos autodestruir. A consciência do risco não é ainda coletiva.

Importa reconhecer um dado do processo evolucionário que nos perturba: junto com grande harmonia, coexiste também extrema violência. A Terra mesma, no seu percurso de 4,5 bilhões de anos, passou por várias devastações. Em algumas delas perdeu quase 90% de seu capital biótico. Mas a vida sempre se manteve e se refez com renovado vigor.

A última grande dizimação, um verdadeiro Armagedon ambiental, ocorreu há 67 milhões de anos, quando no Caribe, próximo a Yucatán, no México, caiu um meteoro de quase 10 km de extensão. Produziu um tsunami com ondas do tamanho de altos edifícios. Ocasionou um tremor que afetou todo o planeta, ativando a maioria dos vulcões. Uma imensa nuvem de poeira e de gases foi ejetada ao céu, alterando, por dezenas de anos, todo o clima da Terra. Os dinossauros que por mais de cem milhões de anos reinavam, soberanos, por sobre toda a Terra, desapareceram totalmente. Chegava ao fim a era mesozóica, dos répteis e começava a era cenozóica, dos mamíferos. Como que se vingando, a Terra produziu uma floração de vida como nunca antes.

Nossos ancestrais primatas surgiram por essa época. Somos do gênero dos mamíferos.

Mas eis que nos últimos 300 anos o homo sapiens/demens montou uma investida poderosíssima sobre todas as comunidades ecossistêmicas do planeta, explorando-as e canalizando grande parte do produto terrestre bruto para os sistemas humanos de consumo. A consequência equivale a uma dizimação como outrora. O biólogo E. Wilson fala que a “humanidade é a primeira espécie na história da vida na Terra a se tornar numa força geofísica” destruidora. A taxa de extinção de espécies produzidas pela atividade humana é 50 vezes maior do que aquela anterior à intervenção humana. Com a atual aceleração, dentro de pouco tempo, continua Wilson, poderemos alcançar a cifra de mil até dez mil vezes mais espécies exterminadas pelo voraz processo consumista. O caos climático atual é um dos efeitos.

O Prêmio Nobel de Química de 1995, o holandês Paul J. Crutzen, aterrorizado pela magnitude do atual ecocídio, afirmou que inauguramos uma nova era geológica: o antropoceno. É a idade das grandes dizimações perpetradas pela irracionalidade do ser humano(em grego ántropos). Assim termina tristemente a aventura de 66 milhões de anos de história da era cenozóica. Começa o tempo da obscuridade.

Para onde nos conduz o antropoceno? Cabe refletir seriamente.

*Leonardo Boff, escritor, filósofo e teólogo, é autor de Cuidar da terra – proteger a vida (Record, 2010).

“A consciência do risco não é ainda Coletiva” …. e quando será? será um dia ? …

Uma tarefa Hércula, colossal e cascagrossa.

Precisamos agir, independente do sistema, agir . Acredito que o trabalho de Eduardo Marinho, um grande pensador reconhecido por muitos como “O” filósofo das ruas, é uma forma de agir pró-humanidade.

O mundo está precisando de “loucos”…. novos “Galilleos” que descubram e retirem o véu das inverdades, só que desta vez antropocêntricas e mostre para as massas o óbvio : o planeta está morrendo e nós, humanos errantes somos os assassinos a espera de absolvição divina , regidos por corporações financeiras ,religiosas, políticas e midiáticas .

Sinceramente, Eu, ser humano de Carne e espírito, não aguento mais não ser o que posso.

Costumo dizer que nada é impossível. Basta pensar que existo em um enorme globo flutuante, que navega o vazio em um movimento ininterrupto em torno de si mesmo e,simultaneamente , ao redor de uma bola de fogo absurdamente intensa e gigante : Pronto, o “impossível” virou fato consumado .

O Vazio no qual o globo (Vulgo “Minha Casa d’água” ) flutua, parece ter sido originado do nada; uma origem não originada, logo, não é real. Ainda bem que a lógica pura não me seduz, pois, caso contrário, teria certeza de que não existo, e nada sou. Assim é minha vida : Um vazio inexplicado, onde todo potencial criativo não é desfraldado .

Sou solitário, mas não sozinho . Vivo em companhia de Bilhões de desconhecidos, de inúmeras crenças, virtudes e desventuras. Isso me faz pensar que possivelmente existe, pelo menos, 10 Milhões de “Eus” espalhados pelo globo : Cópias perfeitas de mim. Simulacros inescrupulosos de mim. Piores “Eus” em cada país . Melhores “Eus” em cada esquina .

Penso que todos os desconhecidos, na verdade são um só. Apenas um ser . Cada desconhecido é um átomo de um superior ser. Talvez uma multidão de ” Anti-Corpos”. Estes Anti-corpos não formam, infelizmente, uma unidade “Espartana” de defesa, e por isso, seus ideais e morada estão ruindo, esperando passivamente um milagre divino. Mas Deus, o criador, não existe . Nós somos ” Deus” , e não um “cara”, uma energia ou entidade, nem reis dos reis, mas sim uma alcunha do “Todo”. A todos os seres . Nós, “multidão”, somos “Deus” . Uma união de Plebeus .

Plebeus na luta insana pra alcançar o sucesso e a fama da nobreza. Plebeus iludidos na busca por uma felicidade fabricada por inescrupulosas mentes que pretendem manter o status-quo acima de qualquer coisa. Lucro, Lucro,Lucro. Dívida, Dívida,Dívida e Dívida . Fim dos recursos naturais. Morte do planeta . E nós, Plebeus e Nobres vamos fazer o quê com este veneno em papel chamado dinheiro ? uma fogueira para nos aquecer nos tempos obscuros de uma nova era glacial ?!

O cascudo de pensar “contra a maré” é que existe sempre um rótulo nos esperando para ser colado em nossas testas : Comunista ! Anarquista ! Filho do demo !

Estamos em uma fase de transição, ou ao menos deveríamos estar, já que todos os modelos de se viver em sociedade tentados, naturalmente, falharam. Precisamos mudar, e fui convencido de que a solução é evoluir o sistema vigente para um sistema econômico inteligente : O sistema econômico baseado em recursos naturais : Não para gastá-los, mas sim para geri-los com inteligência, dando suporte a todos os humanos de forma igualitária. Opa… Comunismo? Nããããão, Porra…. e sim ofertar o acesso a Educação , principalmente, e todos os pilares das necessidades humanas a todos em igualdade. O acesso não pode ser privilégio. Escassez e miséria humana não pode ser o combustível de política econômica de porra de lugar nenhum.Estamos próximos do abismo. No fundo do poço.

Conhecem o Projeto Vênus, idealizado por Jaque Fresco? Não Conhecem esse coroa?
Apresento-o:

Ainda falta completar e enriquecer o raciocínio apesentado aqui,  mas não tenho dúvidas que  3 pilares são fundamentais para o nosso êxito enquanto sociedade :

– Educação como prioridade máxima da nação: Só  com acesso a educação real e de qualidade  poderemos revirar as entranhas sociais ao fomentar o pensamento crítico, analítico e científico onde civilidade, cidadania, respeito, tolerância e inteligências emocional e social  sejam senso comum e parte do cotidiano de todos nós.

–  Profunda Reforma Política: nem sei por onde começar. Quem sabe pelo fim do voto obrigatório e o fim das urnas eletrônicas que são “contadas” na surdina.

– Pensamento Científico e Laico como balizador da sociedade : Nada mais elegante do que as certezas que podem ser desacreditadas sem medo de ferir a moral do outro. O objetivo é sermos livres de dogmas e quebrarmos paradigmas de cunho moral-religioso. O seu deus não é melhor do que o do outro e não pode ser balizador da vida do geral… do particular, zero problema. Não diga ao outro o que deve fazer com seu corpo, com sua sexualidade, com sua vida baseado na moral religiosa.

Por hoje é só.

Fiquem com uma mensagem fodástica do amigo Eduardo Marinho: 

“Quem chega no fundo do poço precisa lembrar que o fundo é o melhor lugar do poço para se tomar impulso.” (Eduardo Marinho)