Publicado por: Rafael Braga | 03/06/2010

Monstro de Retalhos


 

Taí o monstro de Retalhos !

Taí o monstro de Retalhos !

 

Em uma madrugada de amena temperatura na Cidade Maravilhosa , Braga está inquieto, sem saber bem o porquê. Pode ser o cansaço da Inércia,física e psíquica, que o assombra há meses. Surge em sua garganta uma vontade de gritar, andar pelas ruas sem destino , falar com desconhecidos , se entorpecer de amor e drogas. Nada disso faz. Pensa em ouvir uma boa música para aniquilar sua inquietude, ou então alimentar sua insanidade espontânea . Sabiamente decide pela espontaneidade, como também liga o velho rádio da cozinha de sua casa e posta-se na janela física. Absorve o mundo “In Loco” e não pela janela virtual e abstrata, feita de silício . Pela tela de proteção, que um dia foi branca, observa e decide absorver o mundo de dentro para fora .Tenta entender a si próprio . Não consegue e apela .

Acende um cigarro natural. Viaja dentro de si : -“Que sensação Foda de liberdade, visão, som e fúria !”. Braga Saiu da inércia psíquica .Foi até o quarto de empregada que ficava anexo a cozinha . Obviamente , como todo bom Carioca de Classe Média, seu quartinho de empregada servia como depósito de inutilidades para o cotidiano, mas úteis para uma olhada mais profunda, bem no tipo “ de vez em quando (nunca)”. Achou um antigo caderno . Nele continha alguns textos escritos quando ainda era um rebelde e amoroso adolescente . Em voz alta, evaporando de alegria e calor intenso provocado pela emoção do reencontro com seu caderno e pelo inferno que era aquele quarto mesmo em uma madrugada de Outono, Braga dialoga com si próprio : –

“Sinistro ma broda, que caderno punk. Não acredito que fiquei tanto tempo sem escrever” .

Que Paradoxo . Mesmo com os seus neurônios batendo em retirada, escreveu em seu antigo e amigo caderno o que absorveu ao observar o mundo através de sua janela :

“Silêncio da Madrugada. Explosiva saudação da lua e estrelas . O sopro invisível vem do mar, breve distante, após aquele morro, antes do outro. O silêncio convida o sono. O sono convida o sonho, e nele , homens voam. Desprendem-se de seus corpos e encontram o mundo dos sentimentos, largando o mundo das coisas .Perturbado pelo barulho dos bares, televisores em alto volume, tiros, fogos e gemidos…. Humanos acordam, mas não despertam, apenas bebem água , xingam, e voltam a dormir, mas não antes de observarem as encostas pela janela a fora, sem perceber que no meio daquelas luzes que piscam ao sopro do invisível tem gente, que precisa de gente que queira fazer por gente. Entre asfalto e morro vidas se vão para outro plano á chumbo e fogo, enquanto o bairro dorme em uma falsa sensação de paz. Nem todos do bairro dormem. Insones observam o chiado da falta de programação, outros navegam, uns bebem , fumam e copulam, enquanto despertos percebem ás rédeas e antolhos, midiáticamente aceitas por quase todos. Muitos continuam dormindo solenemente, um sono plástico e falso, com calmantes naturais ou químicos. Quem sofre a conseqüência disso é a sitiada parcela de enganados do povo tijucano, carioca, fluminense e brasileiro. Mundo a fora ”

Após rabiscar com raiva seu antigo caderno, e ainda dentro de sua insanidade momentânea, Braga volta seus ouvidos ao velho rádio . Música eletrônica . Batida Forte . Psicodélica , violenta e erótica . Não agüenta ficar parado. Dança . Sai da Inércia física sem pudor e medo de ser visto por alguém, na forma mais intensa de expressão corpórea . Ele sua com o calor dos movimentos e se transporta de forma “Xamântica”  para outro plano: o seu : extremamente egocêntrico e exatamente puro .

Após cansar e suar alguns litros decide mudar o rumo da noite solitária de sua cozinha . A Inquietude o devora novamente . Sente o mundo a sua volta . Percebe-se parte de um todo imensurável, como um átomo dentro de um célula complexa chamada Via Láctea . Ao menos saiu da inércia .

Agora é tarde para voltar atrás. Busca nostalgicamente a cura para inquietação agora adquirida .Vasculha seus antigos pertences . Recortes de jornais; Revistas; Textos acadêmicos; Fotos : Memórias . No chão frio espalha-os de forma aleatória e percebe que suas tranqueiras velhas e empoeiradas contam a sua história, seus gostos e manias . Isso o faz pensar na relação “Mundo x Eu” e como estas duas facetas funcionam . Além de reconhecer a sua história no caos do chão de sua cozinha, Braga observa uma estória construída : de um lado um amontoado de jornais, artigos e revistas que revelam sua paixão pelo futebol. Seu coração-máquina vibra, pulsa e grita em Rubro-Negro, que o faz deixar a solidão momentaneamente, pois sabe que aproximadamente 40 milhões de corações o acompanham. Ao centro do amontoado de tranqueiras empoeiradas está a foto de seu filho.Lindo e iluminado ser que só vê-lo em foto transbordam suas retinas de orgulho, amor, respeito, amizade,pureza e lagrimas , pois sabe que a síntese de sua existência e seu legado serão mantidos e possivelmente perpetuados . Do lado esquerdo do monte nostálgico tem um jornal mofado, data de 11 de Setembro de 2001 com a chamada em negrito escandaloso : DIA DA INFÂMIA . Do lado direito outro jornal : LULA PRESIDENTE .

-“Caralho ! ”- Braga pensou em voz alta – “o que foi que montei aqui no meu chão? Logo aqui no meu chão ! ”

Distraído com a interjeição exclamativa e questionamento anterior, acende um químico cigarro . Aquele mesmo do Safadão Phillipp Morris (que é uma grande figura e vetor do sucesso do câncer no mundo, ao lado de seu primo Cruz, é Claro) . Braga procura algo líquido e encontra uma garrafa pela metade de “João Andador”. Duas doses são suficientes .

Ao voltar seus olhos para cara do seu monstro de retalhos postado no chão, foca “os córnio” da pessoa mais absurda e complexa da História do Brasil , O sindicalista e pseudo homem do povo, morto , reencarnado como presidente burguês e pseudo diplomata : LULA . Ao lado deste indivíduo de gostos e sabores duvidosos está quase que imperceptível uma mensagem subliminar e relação criada pelo monstro de retalhos ao aconchegar uma Revista, Veja bem, uma revista com a seguinte matéria de capa : CHE – A FARSA DO HERÓI .

– “Serão Lula e Che Guevara exemplos e retrato da construção de mitos mediados pelo povo ? Ou mediados e mitificados pelos meios e veículos de comunicação de ontem e hoje para serem ferramentas de manobra ideológica popular ?” – Questionou Braga ao sopro do invisível . Fica a dúvida no ar . Por enquanto.

O Monstro de retalhos ganhou vida . Só faltava sair andando pelas ruas da cidade em busca de novos olhos para abrir, corações para ganhar , carne para sentir e fazer novos espíritos sonharem …..

Em breve , o Monstro criado por pura ventura , no chão de Braga, voltará aqui na Cidade do Pensar.

Forte e Fraternal Abraço,
Rafael Leonardo BRAGA


Respostas

  1. nota 5. escreve bem até. sabe elaborar a forma, mas não o conteúdo, e no final levantou uma bola muito murcha, que não rolou. mas vá em frente.

    • Obrigado pela sua contribuição aqui na Cidade, Ma broda . Não sou masoquista, mas, gosto muito das verdadeiras críticas , e a sua é totalmente acertada. Em poucas palavras, resumiu meu problema com o texto “Monstro de Retalhos” : Forma Ok ; Sagacidade Textual Ok ; Conteúdo ( fuemfuomfuemfom foooooom) … Hahahahahahahaha …..

      Sabe que também achei bem murchinha e quadrada a bola levantada no final ? Mas foi o que saiu quando escrevi, e sou fiel as primeiras impressões que tenho sobre um tema que me proponho escrever. Um dia, quem sabe, “O Monstro” sai da minha mente e do frio chão e toca o terror em geral… rsrsrsrsr

      Obrigado pelas criíticas, sério, Obrigado mesmo.

      Forte e Fraternal Abraço,

      Rafa Leo Braga


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